Nucleobases
Atribui-se
ao DNA a chave para a informação genética, pela codificação da
sequência primária em enzimas. O DNA é um polímero, composto pela
repetição de quatro unidades de nucleotídios: adenosina (A),
timidina (T), citidina (C) e guanosina (G).
As
funções dos nucleotídios vão além da informação. O ATP e GTP
atuam na ativação de ligações químicas, formando intermediários
reativos, os cofatores NAD, FAD, SAM e coenzima-A também apresentam
nucleotídios na estrutura.
A
estrutura de cada nucleotídios é composta de uma base nucleica
baseada na purina ou na pirimidina, um açúcar e um fosfato. No DNA
as bases são a adenina, guanina, citosina e timina, enquanto no RNA
a timina é substituída pelo uracil, assim como o açúcar do RNA é
a ribose, enquanto que no DNA é a deoxiribose.
A
ligação entre o açúcar e a base ocorre entre o carbono-1 do
açúcar e o nitrogênio N-9 da purina e o nitrogênio N-1 da
pirimidina. A formação dessa ligação é um grande desafio do
ponto de vista químico, porque o grupo OH do carbono-1 é pouco
reativo, quando comparado ao grupo OH ligado ao C-5 da ribose. Assim,
qualquer reação deveria ocorrer muito mais rápido em C-5 do que em
C-1.
E
a química para os seres vivos não é diferente. A reação envolve
uma fosforilação da glicose, que ocorre sobre a hidroxila de C-5,
que é a mais reativa, e na sequência ocorre a reação entre a
hidroxila de C-1 e um ATP, transferindo um difosfato.
As
próximas etapas revelam uma estratégia surpreendente do ponto de
vista da química. A base é sintetizada a partir do açúcar. Um
químico imaginaria que o açúcar ativado reagiria com uma base e
formaria diretamente o nucleosídio (base + açúcar).
Porém,
a baixa reatividade da posição de C-1 requer uma sequência de 11
passos até o inosilato, que é o precursor do adenilato e do
guanilato.
A
primeira
etapa é a transferência de um grupo NH2
de uma glutamina, formando um intermediário muito instável, a
5-fosforibosilamina, com uma meia vida de 30 s a pH 7,5.
A
sequência sintética é complexa, e por isso a purina é uma colcha
de retalhos. Os nove átomos do núcleo de purina vêm de sete
moléculas diferentes: duas unidades de aminoácido glutamina
fornecem dois nitrogênios, duas unidades de formiato fornecem dois
carbonos, um outro carbono vem de um dióxido de carbono e um
nitrogênio vem de um aminoácido aspartato.
Para
a síntese atual da purina, é necessário um metabolismo de
aminoácidos completamente definido, bem como a síntese do formiato
e a captura de CO2, isso sem contar um multitude de
enzimas necessárias para as transformações.
É
muito claro que esse caminho não teria sido o caminho inicial da
síntese abiótica da purina.
A
síntese dos nucleosídios com pirimidinas utiliza a reação do PRPP
com o orotato, sintetizado a partir do aspartato.
Aqui
temos um grande desafio que ainda não foi solucionado, embora anéis
com purina e pirimidina tenham sido detectados em experimentos que
tentavam simular uma atmosfera primitiva, não existe o menor indício
sobre a forma que essas moléculas se ligaram à ribose para formar o
nucleosídio. As evidências químicas mostram que a construção
dessa ligação não ocorre de foma natural, e que os seres vivos
usam uma rota extremamente complexa, utilizando materiais em pequenas
concentrações em que a síntese espontânea desses materiais não
ocorre, por restrições cinéticas e de reatividade.
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