Replicação de moléculas orgânicas
A
replicação é a reprodução de uma estrutura inicial. A forma mais
comum ocorre quando a molécula original atua um
“template” ou molde que atua no posicionamento correto da
sequência de monômeros.
As
propriedades do molde ou “template” necessárias são a forte
interação com o monômero, como interações eletrostáticas,
ligações de hidrogênio, dipolo-dipolo, van der Waals e pi
stacking. O replicante pode ser igual ao molde original, conforme o
esquema abaixo:
Ou
o replicante pode ser diferente do molde, e gerar o molde original
após uma nova replicação:
No
primeiro caso, o molde forma o replicante que é igual ao próprio
molde, e conforme a reação avança, mais molde é formado até que
esgotem os reagentes. Em
ambos os casos a velocidade que ocorre a reação pode aumentar
conforme o produto é formado, resultando em uma auto-catálise.
Embora
alguns autores apontem que a auto-catálise ocorre automaticamente,
isto não é necessariamente verdadeiro, porque depende da etapa de
junção dos grupos. Se esta junção não for ativada, a reação
para na primeira etapa, quando os ligantes do molde são ocupados,
resultando em um bloqueio do ciclo.
Os
trabalhos de Julius Rebek demonstraram em derivados do acido de Kemp
demonstraram que o produto atua como catalisador na reação de
formação da ligação amida.
O
modelo de Rebeki
mostra o prévio desenho da estrutura para obter a auto-catálise: o
molde interage com as moléculas soltas e
posiciona os grupos reativos. Nesta
replicação, um derivado de ribose (1), reage com uma ftalimida
derivada do ácido de Kemp e forma o produto 3, que interage ao mesmo
tempo com outra unidade de 1 e de 2, o que aproxima, forma 3, que
atua da mesma forma, resultando em um processo auto-catalítico e
replicativo.
A
reação requer um grupo ácido carboxílico ativado e a base
trietilamina para promover a abstração do próton no complexo
ativado, enquanto que a associação vem das ligações de hidrogênio
entre a ftalimida e a amino-purina. Tanto a reação quanto a
associação não ocorrem na presença de água, porque hidrolisam o
éster e impedem a associação intermolecular.
A
replicação foi obtida e a velocidade aumenta até que o reagente é
consumido e neste momento cessa a reação.
Os
resultados geraram grande entusiasmo em escritores evolucionistas,
como Richard Dawkins, que usou tais sistemas para promover a ideia
de uma possibilidade de uma bioquímica distinta, é necessário
reconhecer que os elementos presentes na reação são bastante
sofisticados, que não seriam disponíveis em sistemas pré-vida: a
rigidez das estruturas moleculares, que leva a um correto
posicionamento para que ocorra a reação, a complementaridade dos
grupos que interagem a ativação do grupo carboxi. A soma destes
fatores revela a “inteligência” do cientista que desenhou este
sistema molecular reativo, e não a sua aleatoriedade. A replicação
requer moléculas “melhoradas” no desenho e na sua capacidade
reativa.
Esta
replicação é uma pálida imitação dos processos naturais, porque
assim que todo o reagente é consumido, ela cessa. Acabou. O sistema
químico morreu. Se forem trazidos os conceitos da evolução
darwiniana para a química, sistemas puramente replicativos morrem
sem ter originado vida. As moléculas que se replicam mais rápido
ganham a batalha, mas perdem a guerra.
iSelf-replicating
system T.
Tjivikua, P.
Ballester, J.
RebekJr.
J.
Am. Chem. Soc., 1990, 112 (3),
pp 1249–1250 DOI: 10.1021/ja00159a057
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