É
só tirar água, aquecer e pronto...só que não
As
proteínas são formadas pela condensação de aminoácidos
resultando em polímeros, chamados peptídios. Um dos desafios para
as hipóteses naturalistas da origem da vida é a explicação da
formação dos aminoácidos e peptídios.
Diversos
grupos têm-se dedicado às tentativas de obter peptídios a partir
do aquecimento de aminoácidos com outros mineraisi
e argilasii
. Uma publicação de 2014 mostrou um sincero esforço usando
condições anidras, temperaturas altas (ex: 150o C) e
grandes concentrações de aminoácidos (>0,1 mol/L). Os
resultados demonstraram que a argila montmorilonita catalisa a
reação, contudo a proporção do dipeptídio gli-gli foi muito
baixa (aproximadamente 1%), com o predomínio da forma cíclica.iii,
que é o ponto final para o crescimento da cadeia.
Durante
o período de aquecimento dos aminoácidos, observam-se perdas de
cerca de 40% do aminoácido por desaminação (saída de NH3),
descarboxilação (saída de CO2), desidratação (saída
de H2O) e hidrólise (quebra por H2O).
Porém
uma observação do comportamento da condensação térmica dos
aminoácidos passa despercebida das análises dos artigos: após
alguns dias de aquecimento, a quantidade do produto chega a um
patamar estável.
A
conclusão é que a reação chega a um equilíbrio entre reagentes e
produtos, quando a velocidade de condensação é igual à velocidade
de quebra da ligação peptídica, e conforme aumenta o número de
peptídios ligado, a quebra se torna cada vez mais provável
Ou
seja, seria necessário que houvesse grande quantidade de aminoácidos
à disposição para que uma pequena fração formasse um produto que
não seria de utilidade para a construção de proteínas, como as
dicetopiperazinas, ou seja, grandes superfícies cobertas de
aminoácidos sob altas temperaturas. A Terra deveria ser um tapete de
aminoácidos, com os minerais à disposição para as reações, e
com um grande depósito de lixo para os produtos indesejados. Os
peptídios formados não teriam mais do que três aminoácidos
ligados entre si.
Certamente
este não é um panorama factível.
i
Adv. Space Res. Vol. 27, No. 2, pp. 225-230, 2001 V.A. Basiuk
and J. Sainz-Rojas Catalysis
of peptide formation by inorganic oxides: high efficiency of alumina
under mild conditions on the Earth-like planets
iiJ
Mol Evol (1997) 45:457–466 Silica, Alumina, and Clay-Catalyzed
Alanine Peptide Bond Formation Juraj Bujda´k,1 Bernd M. Rode2
iiiFuchida,
S., Masuda, H. & Shinoda, K. Orig Life Evol Biosph (2014) 44:
13. doi:10.1007/s11084-014-9359-4
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